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A força e Sansão – Juízes 13 – 16.

Sansão foi líder em Israel em um período em que a nação não tinha rei ou um governo institucional. A nação era regida pela Lei, regulamentada por Moisés com princípios morais, cívico e religioso, tendo como base os dez mandamentos, dos quais o primeiro e mais importante era: “Não ter, não adorar, não servir de forma alguma outro Deus além do Senhor”. Sob supervisão e orientação da classe sacerdotal, intermediando a relação entre Deus e a nação, Deus governava a nação como Rei. Uma frase recorrente em Juízes é: “… Naquela época, não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia ou achava ser certo”. Sempre que Israel desobedecia, sobre tudo o primeiro e mais importante dos mandamentos, sofria intervenções terríveis de outras nações, fome e pestes, mas quando o povo se arrependia e clamava por socorro, Deus levantava líderes, através dos quais dava livramento. Este período na história da nação de Israel é descrito como o período dos juízes registrados no livro de mesmo nome, começou após a morte de Josué, até Samuel, iniciando a monarquia com o reinado de Saul.

Sansão, da terra de Soreque, da tribo de Dã, filho de Manoá, foi um desses líderes, o penúltimo do período, seguido por Samuel. Sua história está registrada nos capítulos 13 – 16; Sansão é mencionado também na epístola aos Hebreus 11:32, texto que faz referências aos heróis da fé.

O privilégio

O nascimento de Sansão foi predito por um anjo, que se apresentou àquela que seria sua mãe, até então estéril, com recomendação pré-natal específicas, e observações que Sansão deveria obedecer durante toda sua vida como nazireu (Consagrado a Deus por voto), a saber: não tomar bebida fermentada; não comer alimentos tidos como impuro; não cortar o cabelo. Sansão liderou Israel durante 20 anos. O aspecto peculiar em Sansão era a força física sobre-humana, da qual ele tinha controle e fazia uso voluntário e espontaneamente em situações que julgava necessárias.  Mas é importante salientar que Sansão foi dotado por Deus desde o nascimento para um propósito específico: livrar a nação da opressão em que Israel se encontrava. Sansão nasceu com uma missão.

Virtudes desproporcionais

Fica claro que a inteligência de Sansão era em extremo desproporcional à força que possuía, e parece não ter consciência da sua missão. Suas desventuras pessoais estão ligadas às mulheres, ao ponto de se casar com duas estrangeiras, uma desobediência direta aos mandamentos de Deus, mas que propicia a Deus ocasião para exercer juízo contra os Filisteus.

Sansão afronta os filisteus por questões pessoais (quando incendeia a plantação dos Filisteus; quando sozinho, mata três mil filisteus; quando arranca os portões da cidade Filisteia).

Ao mesmo tempo, em que passa a ser visto como uma ameaça para os Filisteus, não é reconhecido como líder por Israel. A falta de postura e atitude de liderança também levou o povo a não vê-lo como tal.

Envolvido com Dalila, que o traiu, é difícil definir a mentalidade e o caráter de Sansão: presunção, orgulho, vaidade, ingenuidade… No contexto, tudo pode ser resumido em irresponsabilidade.

Sansão quebra o voto em circunstância recorrente, o que deveria servir-lhe de advertência; ele perde, não por se envolver comestrangeiras e nem por revelar detalhe do voto, ele é derrotado pela forma relapsa com a missão a ele atribuída. Sansão sofre as consequências de sua própria insensatez.Considerando que ele nasceu e foi capacitado para um propósito específico, com a perda desta, perde-se também a razão de existir.

Aprendendo com Sansão

Sansão parece não ter tido consciência ou se esqueceu de sua real missão; suas vontades pessoais e egoístas não permitiram que enxergasse além de si, isso é explicito até nas suas últimas palavras em oração: “… Dá-me força mais uma vez… para que me vingue por causa dos meus dois olhos”. Pelas últimas palavras, percebe-se que o dom era “dele”, para seus interesses, não para servir a Deus e à Nação. Sansão já estava cego antes de perder os olhos… Deus, ao responder à última oração de Sansão, mostra que a força está na aliança com a nação. A história de Sansão termina com sua morte, juntamente com três mil filisteus e todos os líderes daquela nação.

Sansão é um personagem especial e polêmico, especial porque nasceu com uma missão, e polêmico porque “para muitos parece um herói que falhou”, não se portou de forma condizente com a responsabilidade que sua missão exigia. Ele soube que nasceu com uma missão, que era um homem incomum, a unção o tornava incomum.  Porém, o compromisso que estava sobre ele exigia atitudes e comportamentos que o destacasse dos demais. A história de Sansão é um ensino, uma advertência. Todos cristão é um Sansão, sujeitos a vaidade e anseios pessoais, todo cristão teve um “nascimento” especial, milagroso, com propósito específico, uma missão, uma função a desempenhar e a unção que capacitou a Sansão também capacita cristão o que também os tornam pessoas incomuns relativo ao mundo de pecado e exige de cada cristão atitudes e comportamentos que condizem com o propósito de Deus.

O cristão, precisa se conscientizar de que os propósitos de Deus não são sobre “nós”, vão além do que podemos ter ou ser, além do alcance dos olhos, do que julgamos necessário e importante. Sem buscar a direção de Deus, corre-se o risco de agir como os israelitas de Juízes: “fazendo o que parecia ou achava certo”.  A falta de comprometimento com a vontade de Deus pode nos impedir de enxergar a necessidade do próximo, conduzir o cristão para os interesses e realizações pessoais, se tornando egoístas e distanciando-se do “por que ou para quê” estamos aqui, ficando cego para as questões espirituais.

Deus aplicou juízo aos Filisteus mesmo quando Sansão utilizou o dom por questões pessoais.A força de Sansão não estava na cabeleira, mas na aliança representada no cabelo. Não nos iludamos com o resultado dos “nossos” dons. Assim como com Sansão, a aliança foi firmada por iniciativa de Deus – Ele nunca quebra aliança! Sansão morreu relativamente jovem, não deixou filhos…  A vontade soberana de Deus sempre vai ser feita, mas Ele quer nos abençoar no processo. Os dons e talentos não representam comunhão; mas a comunhão garante benção e prosperidade. Aprendamos com Sansão que deixou de viver o melhor que a comunhão com Deus pode proporcionar por prazeres pessoais e passageiros.

Idevaldo L Santos

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