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Referência
“Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará – Isaías 11: 1”.
Introdução
Em virtude de sua concepção sobrenatural pelo Espírito Santo no ventre de Maria, Jesus não compartilhou da herança genealógica de José. Consequentemente, sob essa ótica, Ele não possuía ascendência em Davi. O mais próximo de “filho” seria seu nascimento em uma família pertencente à tribo de Judá o que não o torna filho literalmente (Mt 22:41–45). Este artigo aborda sob a perspectiva teológica a “filiação davídica” e biblica de Jesus.
Um Rei e reino eterno
Para entender por que Jesus é biblicamente o filho de Davi, é preciso considerar que tanto o Rei quanto o governo de Israel sempre foram divinos. Mas, por iniciativa da nação, o governo da nação passou a um representante humano. Monarquia um regime de governo único, hereditário e vitalício, onde o reino passava de pai para filho. É crucial pontuar que o rei de Israel sempre foi Deus (I Sm 8:7). Essa observação é fundamental para a compreensão do assunto.
Em resposta ao clamor do povo por um rei e reino humano e após a deposição de Saul, Deus, segundo seu critério (segundo seu coração), escolheu Davi e lhe outorgou o seu reino (Reino divino) de forma simbólica e transitória (I Sm 13:14). [Essa compreensão esclarece por que o reino não permaneceu na linhagem de Saul. Tratava-se de um reino divino, com um futuro herdeiro legítimo. Deus, em sua prerrogativa, tinha o poder de transferi-lo provisória e representativamente a quem Ele desejasse].

Assim, o Rei Davi e o reino de Davi são tipos, símbolos e representações. O Rei Davi é uma tipologia do Rei Jesus. A realeza e o Rei divinos estão escatologicamente representados na realeza e no Rei terrenos de/em Davi prefigurando a realeza divina do Pai, a ser estabelecida na plenitude do tempo ao Filho primogênito e legítimo herdeiro e humano. Dada a natureza intrinsecamente divina e eterna desse reino, nenhum outro homem poderia exercê-lo em sua plenitude. O reino de Davi é descrito como eterno por pertencer ao Deus divino e estar tipificadamente representado em Davi e na “perpetuidade” de seus descendentes (II Sm 7:16). [Cada Rei e reinado descendente de Davi deveria ser um reflexo do reino de Deus espelhado em Davi, até a consagração do herdeiro legítimo, Filho primogênito, sucessor na linhagem da realeza divina, apto a exercê-lo plena e eternamente (I Rs 9:4. II Cr 34:2. Is 9:7. Lc 1:32,33)].
“Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará… (Isaías 11:1)”.
O ramo é ligado e sustentado pelo do tronco e manifesta no fruto o DNA contido na raiz. A exemplo do fruto que revela a natureza intrínseca da raiz, Jesus é a manifestação humana da essência de Deus. Por meio da genealogia humana (Judá, Jessé, Davi), Deus em Jesus se fez homem para exercer um reinado eterno, portanto divino.
A profecia metafórica de Isaías 11:1 tem dupla aplicação, tanto o rebento como o renovo aludem a Davi em diferentes aspectos. O rebento seria Davi, o filho de Jessé, que viria literalmente a ser Rei de Israel, enquanto o renovo faz alusão a Jesus, futuro Rei divino tipificado na realeza terrena de Davi, Renovo de Davi (Jr 23:5. 33:15). O Cristo e sua realeza divina estão tipificados no Davi histórico e naquele reino. É por isso que Jesus é a Raiz de Davi (Is 11:10. 53:2. Rm 15:12. Ap 22 :16).
Jesus, Filho de Davi.
É Filho do Rei Davi em tipologia. Uma referencia ao Rei Davi e o Rei Jesus, a realeza terrena de Davi e a realeza divina de Jesus, Filho primogênito e legítimo herdeiro do reino. Jesus, sempre foi herdeiro do trono. O reinado de Davi figurou o reinado de Jesus, único sucessor e legítimo herdeiro ao trono a lhe ser conferido no devido tempo. Jesus (Filho primogênito) é Rei porque herdou a realeza, espiritual e divina do Rei-Pai-Deus, e não por ser (filho) herdeiro do Rei-Davi-homem (Lc 1:32). (observando que a nação de Deus optou por um Rei humano – I Sm 13:14). Jesus foi chamado de Filho de Davi pelos Judeus devido à compreensão literal e não espiritual da promessa, de que o Messias seria Judeu, da tribo de Judá e da família de Davi, portando um “homem” exercendo um reino terreno.
Leão de Judá
Jesus não é um leão. A expressão bíblica e única atribuída a Jesus em Apocalipse 5: 5 como “Leão” constitui uma figura de linguagem alegórica, cuja origem reside na bênção patriarcal conferida a Judá por Jacó. Na ocasião, a imagem do leão foi empregada para simbolizar a coragem, a força e o poder daquele líder. Uma ilustração profética tipificadas em Judá da vitória de Cristo sobre o adversário, a redenção dos povos e o seu reino eterno (Gn 49:9-10).
Conclusão
Chamar Jesus de filho de Davi era reconhecê-lo como o Messias (Mt 12:23. 22:42). Hoje dizer que Jesus é filho de Davi é reconhecer a soberania real do Pai. Assim como o reino de Deus de forma provisória se estabeleceu sobre um povo específico por meio de um “filho e por uma eternidade representativa (II Sm7:13,14) ”, da mesma forma o reino de Deus se manifestará por meio do real Filho sobre todos os povos por uma real eternidade (Lc 1:32,33. Ap 22:16). Um Rei e Reino eternos, portanto divinos. Como integrantes do reino de Deus, o cristão tem atribuições “reais, espirituais e sacerdotais” neste Reino a se manifestar plenamente em sua vinda.
O seu Reino, ó Deus, durará para todo o sempre… Hb 1:8