Referência Bíblica
“… E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar… E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias – Lc17: 26 -37”.

Introdução
Interrogado sobre o reino de Deus, Jesus responde que o reino não viria com sinal aparente ou em um local específico. Ele indica profeticamente alguns acontecimentos futuros, faz referência aos dias de Noé e Ló, adverte para lembrar-se da mulher de Ló, e conclui com um provérbio significativo: “Onde estiver o cadáver, se ajuntarão os abutres”. Este artigo analisa as palavras de Jesus que estabelecem uma comparação impressionante entre os últimos dias e os dias de Noé e Ló.
Com os dias de Noé e Ló
Para entender melhor este provérbio, é preciso considerar o contexto imediato. Jesus está falando sobre os dias que antecederão sua vinda, quando o juízo será estabelecido, e faz uma analogia com os dias de Noé e Ló, cujas gerações foram destruídas. Gênesis 6:5 e 18:20 mostram que o pecado e o mal atingiram níveis extremos, mas Jesus não menciona especificamente os pecados ou a corrupção. A associação que Jesus faz entre as gerações de Noé e Ló com a geração dos últimos dias é a surpresa.
A surpresa não se deve apenas à rapidez com que os eventos ocorreram, mas principalmente à aparente ausência de motivos ou razões para tal juízo. Aquelas pessoas viviam suas vidas cotidianas, com atividades comuns como comer, beber, casar, formar família, vender, comprar e construir. O erro daquelas gerações, sobre o qual somos advertidos, foi a banalização do pecado em meio às atividades cotidianas.
Os últimos dias
O erro reside na relativização do pecado em atividades cotidianas como casar, comer e beber. Não se trata de condenar a busca por felicidade no casamento ou por melhores condições financeiras. O perigo está em permitir que o pecado se torne intrínseco a essas buscas e realizações, banalizando-o a ponto de qualquer condenação ou juízo divino causar surpresa. Nenhuma felicidade ou realização, por mais nobre que seja o motivo, justifica a violação dos princípios divinos.
A esta reflexão se aplica a advertência: “Lembrai-vos da mulher de Ló”, um exemplo do perigo de se apegar aos valores mundanos em detrimento da vida eterna. Apesar de levarem vidas semelhantes às de seus contemporâneos, casando, comendo e trabalhando, Noé e Ló discerniam o pecado e, por serem justos diante de Deus, foram poupados da destruição.
Jesus associa a manifestação do Reino de Deus à ocasião da sua vinda e ao juízo. É aqui que o provérbio toma sentido: “Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres”. A analogia é clara: a presença do cadáver atrai os abutres, assim como a presença do pecado generalizado atrai o juízo de Deus.
