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Referência Bíblica
“E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos… Porque há um são Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem – At 4:12. 1Tm 2:5.”
Introdução
Este artigo aborda a salvação dos pecados exclusivamente por meio de Cristo, partindo do princípio de que a Bíblia é a Palavra de Deus. A redenção da humanidade é o tema central das Escrituras. A ideia de salvação pressupõe o resgate de uma condição que exige libertação. Trata-se, portanto, da salvação dos seres humanos da condição de pecado. Para compreendermos esse assunto de forma didática, analisaremos: (1) a condição da qual as pessoas precisam ser salvas; (2) a razão de se encontrarem nessa situação; (3) como a salvação se tornou possível; (4) por que ela se realiza somente por meio de Cristo; (5) e um resumo de como ocorre e propósito.
Do quê as pessoas precisam ser salvas
Biblicamente, a condição de pecado é análoga ao cativeiro. Assim como um escravo necessita ser liberto da servidão, os seres humanos precisam ser salvos da condição de pecado. O pecado se manifesta em tendências, vontades e desejos dos quais as pessoas não conseguem se libertar por si mesmas, mesmo quando conscientes de sua natureza e inclinações ilícitas, imorais ou ilegais. Embora inclua transgressões como proferir uma mentira ou palavra torpe, o pecado vai além desses atos isolados. Ele se manifesta de inúmeras maneiras na vida das pessoas, abrangendo vícios e atitudes como ciúme, vaidade, mentira, inveja, ódio, perversões sexuais, além de distorções comportamentais e emocionais. O pecado interfere nos conceitos e possibilidades de felicidade e a compromete em todas as áreas da vida – sentimental, afetiva, familiar, profissional e social e, principalmente, inviabiliza a comunhão pessoal com Deus. A identidade humana outrora espiritual e divina tornou-se basicamente carnal, condição impossível de desenvolver comunhão espiritual com Deus. A libertação dessa condição não é possível por esforço próprio. É e desta condição carnal, para a restauração da comunhão espiritual com Deus que consiste a salvação em Cristo – (Lc 7:18-20. Ef 2:8,9. Jo 1:32).
A razão de se encontrarem nessa situação

A inclinação para o pecado manifesta-se em todos os seres humanos. A pós a queda o ser humano, ainda que espiritual, perdeu a essência e a referência espiritual divina, para qual fora criado, passando a viver e ser orientado pelo corpo e sentidos do corpo – solícito ao pecado – (Is 53: 6. Rm 3:23).
A humanidade chegou a essa condição após o episódio no Éden na questão entre o bem e o mal na ocasião da queda de Adão e Eva. O equívoco deles não residiu no conhecimento em si, mas na decisão errada em desobedecer a Deus, escolhendo o mal. Embora a responsabilidade primária por essa escolha recai sobre Adão e Eva, a humanidade, como seres racionais e morais, inevitavelmente chegaria ao ponto de discernir e decidir entre o certo e o errado, tendo a liberdade de escolher entre obedecer ou não a Deus, individualmente, exatamente como acontece hoje – (Gn 2: 16,17).
Como a salvação se tornou possível
(Observação: os termos “pecado de Adão”, “pecado original” e “morte” referem-se, geralmente, à morte espiritual, ou seja, à perda da comunhão com Deus e à consequente impossibilidade de redenção por meios humanos. O termo “homem” (do grego bíblico Anthropos) designa a totalidade da humanidade, abrangendo todos os seres humanos, independentemente de gênero.)
Jesus foi o único que preencheu os “requisitos” que a justiça divina exigia: “ser humano e sem pecado”. Ele veio na mesma natureza humana de Adão – (1 Co 15:45). Com o pecado de Adão, o propósito original de Deus para a humanidade foi comprometido, pois o ser humano, objeto principal desse propósito, estava espiritualmente morto. Deus, tendo concluído sua obra criativa (Gn 2:1-3), não criaria um novo ser humano do pó. Então, enviou seu Filho, com a mesma natureza humana de Adão, não para substituir Adão no propósito original, mas para, a partir dEle (Jesus) remover o pecado original e restaurar a humanidade à vida e à comunhão com Deus para a qual fora criado – (Jo 3:17. ).
Jesus veio como homem, para assumir a culpa e a consequente condenação que recaiu sobre a humanidade pelo pecado de Adão. Foi na cruz que sofreu a penalidade por aquele pecado. Assim, a culpa, a condenação e qualquer dívida relacionada àquele pecado foram anuladas, tanto para Adão quanto para todos os seus descendentes. Jesus removeu a condenação pelo pecado de Adão que pesava sobre a humanidade. E quanto a Jesus, por não ter cometido pecado, (que é o que gera a morte) a morte deixou de existir para Ele (porque ao eliminar o pecado eliminou a morte por ele gerada). Portanto, não havia morte que o retivesse, e por isso ressuscitou. Onde não há pecado, não ha morte. Jesus eliminou o efeito do pecado – a morte, ao eliminar a causa – o pecado, por meio de sua própria morte – (Rm 8:3).
Esta é a parte teológica da obra da salvação, e é resumida na declaração do Apostolo João: “… Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” João 1:29. Jesus tirou o pecado do mundo no sentido que ninguém será condenado pelo pecado do Adão (Jo 1:29), possibilitando a salvação dos pecados, impossível até então.
Por que só Jesus salva
Até aqui, abordamos a obra de salvação por Cristo, teológica e objetivamente: o nascimento e a vida de Jesus como homem sem pecado, sua morte vicária em favor da humanidade, pela qual ele eliminou o pecado, e sua ressurreição, que demonstra sua vitória sobre a morte. Restam-nos considerar sua ascensão aos céus e sua volta como Rei.
Após a queda no Éden, que tornou a humanidade culpada e sujeita à condenação, Jesus foi o único homem sem pecado, condição essencial para assumir sobre si a culpa e a condenação da humanidade. Assim como toda humanidade herdou a condenação pela atitude de um homem (Adão), também da mesma toda humanidade podem herdar a justificação pela atitude de um homem (Jesus).
A razão pela qual somente Jesus pode salvar também está intrinsecamente ligada com a condição pecaminosa das pessoas. Na ressurreição Cristo foi instituído Sumo Sacerdote, por isso a ascensão e entrada no santuário divino para expiar os pecados daqueles que se arrependem dos pecados cometidos hoje (Hb 4:14. 5:10). Não há registro bíblico de outro ser humano, vivo ou morto, instituído Sumo Sacerdote divino e que tenha ascendido ao céu como tal. Para isso, seria necessário ter sido concebido pelo Espírito Santo sem a herança de Adâmica e viver sem pecar. A obra de salvação está em curso, só Cristo salva!
Como o ser humano é salvo
A obra da salvação se manifesta na ação do Evangelho sobre as pessoas, em que a Palavra e o Espírito Santo promovem a compreensão da mensagem, o arrependimento dos pecados e a consciência da necessidade de uma mudança de vida. Nesse processo ocorre um milagre, ação do Espírito Santo que capacita as pessoas por meio da fé a compreenderem a salvação em Cristo, mesmo sem um conhecimento teológico – Jo 16: 8-11. A salvação é ilustrada como um novo nascimento, resultando em uma nova identidade espiritual que se manifesta no próprio espírito, pela comunhão divina, e produz o fruto do caráter de Deus em todas as áreas da vida. Em contraste, ocorre a “morte” da antiga identidade carnal (João 3:7; 8:13).
A conscientização de pecado e arrependimento, a necessidade de mudança é impulsionada pela ação contínua da Palavra e do Espírito Santo, e devem ser cultivados e permanecer presentes na vida do crente por meio do estudo bíblico e da oração. Caso contrário, assim como a semente que necessita de boa terra para germinar e crescer, conforme ilustra a parábola do semeador em Mateus 13:23, a pessoa corre o risco de retroceder à antiga vida e à prática do pecado.
A certeza da salvação reside em uma consciência alinhada com a Palavra de Deus e confirmada pelo testemunho do Espírito Santo no coração do crente (Romanos 8:16). Nessa relação, o Espírito Santo passa a comunicar sua natureza divina à nova criatura, que, consequentemente, reflete essa natureza em suas atitudes e comportamentos, resultantes de uma mente renovada. É o caráter de Cristo sendo formado no crente pela comunhão e ação transformadora do Espírito Santo, alterando radicalmente sua maneira de viver – Jo 16: 8. At 3: 19. II Co 5: 15. I Pd 1:23. I Jo 1: 9. 3:9.
Propósito da salvação
A parte final da obra de salvação é também eterna, é restauração de todas as coisas na ocasião da volta de Jesus como Rei – At 3:21. O propósito de Deus na criação do homem é registrado tanto no início quanto no fim da Bíblia, nos livros de Gênesis e Apocalipse, que abordam, respectivamente, a criação do homem e a consumação desse propósito. Deus o criou à sua imagem e semelhança para dominar sobre a criação (Gn 1:26-27.Ap 2:26. 3:21). Esse propósito original foi comprometido pela intervenção de Satanás, por meio da serpente, no Éden. Em Cristo, esse propósito é retomado, e Jesus associa a salvação à entrada na vida eterna e no Reino de Deus (Mt 18:3; 19:23), que será plenamente restabelecido na sua segunda vinda, quando todas as coisas serão restauradas. Nessa ocasião, o Reino de Deus será manifestamente estabelecido, e o propósito da salvação será plenamente realizado – O Homem reinando com Cristo sobre toda criação plenamente aperfeiçoado (Sl 17:15. Hb 12:23. Ap 3:21. 21:1-7).
Jesus, Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Embora a vitória sobre Satanás e o pecado tenha sido conquistada na cruz, ambos continuam ativos no mundo. Então, em que consiste a vitória de Cristo sobre o pecado e Satanás em relação ao mundo e às pessoas?
Quer saber mais acesse:
https://teologiabasica.com/deus-tirou-o-pecado-do-mundo
