“Disseram-lhe, então, eles: Por que jejuam os discípulos de João muitas vezes, e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem? E ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. E disse-lhes também uma parábola: Ninguém deita um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.”
Introdução
Na época em que Jesus ensinava e formava seus discípulos, a prática de jejum, naquela ocasião, tinha aspectos aparentes, fossem na fisionomia, na postura, na forma de vestir… O jejum judeu era geralmente acompanhado de orações em público, por isso os discípulos de João e os fariseus sabiam que os discípulos de Jesus não jejuavam. (Mt 6: 16). Este artigo faz uma aplicação da parábola relacionada à necessidade do jejum hoje.
(Nota)
Vinho novo é o suco imediato da uva, sem processamento, é o suco fresco, natural. Vinho velho é chamado assim por passar pelo processo de fermentação, em que eram adicionados ou não aditivos, e não pelo tempo relativo entre fabricação e consumo. Para se ter o vinho velho, ele deveria ser colocado em odres novos, que eram feitos de couro porque tinham a capacidade de ajustar-se (elasticidade) às alterações de volume pelas reações químicas resultantes do processo de fermentação. (Lc 5 : 37).
Vinho, odre e roupa
Ao ser interrogado sobre o porquê de seus discípulos não jejuarem, em comparação com os de João e os fariseus, Jesus responde com uma pergunta (retórica) e completa sua resposta com uma parábola. A parábola vai complementar sua resposta sobre por que e para quê “naqueles dias” jejuariam.
A resposta de Jesus é de fácil compreensão. O noivo (Jesus) seria retirado, iria para o Pai. Durante o período em que Ele estiver com o Pai, naqueles dias (dias atuais), a Igreja, representada nos discípulos (os filhos das bodas), jejuariam, ou seja, a prática do jejum está relacionada à ausência e à privação da presença do noivo (Jesus) pela ascensão ao céu. Esta é a resposta de Jesus do porquê naquele momento o jejum era dispensável. Já na parábola, Jesus completa sua resposta de uma forma impressionante! Do porquê, em circunstâncias futuras, quando estaria ausente (eles/igreja) jejuariam? Ele fala de como a sua “ausência naqueles dias” seria suprida e pontua a necessidade, importância e contribuição do jejum nesta nova dimensão do relacionamento, usando como figuras; roupa nova e roupa velha, vinho novo e odres novos.
A roupa nova é a nova identidade espiritual (nova criatura), porque para a roupa velha (corpo), criatura carnal, não há restauração ou “remendo”. O vinho novo é a ação espiritual divina reagindo “dando forma, modelando” de dentro para fora, promovendo uma nova maneira de viver (no odre novo que tem esta característica de “tomar a forma”). Os odres novos são novas criaturas espirituais externando as ações (espirituais) do vinho novo (Espírito Santo), promovendo características espirituais, transformando um novo modo de pensar, agir e viver – resultando em santificação.
Ao ir para o Pai, Jesus envia o Espírito Santo, que o representaria e (por quem) estaria presente. O relacionamento antes físico passa a ser espiritual, o jejum contribui e propicia um nível de espiritualidade para a comunhão, e surge como uma necessidade espiritual.
Considerando que o vinho velho é melhor. Ninguém cheio do Espírito deseja viver na carne. A falta do Espírito Santo leva ao desejo de voltar velha vida. (verso 39).
Idevaldo Santos